Duas datas: 01 de Janeiro e 08 de Janeiro, mesmo local: Brasília; significados tão distintos, tão radicalmente díspares, que fica evidente a fratura no âmago do Brasil. Pátria cindida, o país viu a posse de Lula (1/1/23) e os atentados terroristas dos golpistas bolsonaristas (8/1/23) sucederem-se nestes 7 dias épicos. De um lado, aquela simbólica “subida-da-rampa” em que Lula fez-se empossar pela diversidade do povo brasileiro, de outro lado a horda de ogros que lambem as botas de Jair Genocida Bolsonaro promovendo terrorismo na sede dos Três Poderes da República (8/1).
Antes de mais nada, ANISTIA É O CARAI! – foi o grito que ressoou em milhares de vozes quando Lula discursava no parlatório da Praça dos 3 Poderes na aurora de 2023, em evento simultâneo ao histórico evento político cultural FESTIVAL DO FUTURO – este nosso 1 de Janeiro contrasta com a balbúrdia bolsonarista do dia 8 de muitas maneiras. Esta última – a intentona golpista dos bolsonaristas em 8 de Janeiro – é uma balbúrdia daqueles que a anistia anterior ajudou a produzir: monstros atuais de um país que não lidou bem com seus monstros do passado. Pior erro, que viria se somar ao pretérito sob cujo pesado karma hoje penamos, seria permitir a impunidade deste golpismo de uma extrema-direita que se torna mais extremista no momento da derrocada de seu “Mito”, hoje foragido nos EUA.
Precisamos com urgência punir o Genocida, o líder maior desta enxurrada de terrorismo da direita derrotada nas urnas em 30 de Outubro de 2022. Como Lula disse na posse: “O período que se encerra foi marcado por uma das maiores tragédias da nossa história: a pandemia de Covid-19. Em nenhum outro país, a quantidade de vítimas fatais foi tão alta proporcionalmente à população quanto no Brasil, um dos países mais preparados para enfrentar as emergências sanitárias, graças à competência do nosso Sistema Único de Saúde e da competência de vacinação do nosso povo”, afirmou o presidente. Ainda que possamos problematizar a informação aí contida, desmascarada como falsa pela agência Lupa/Aos Fatos, o fato é que o afeto que anima Lula é justo. Justíssimo afeto da indignação diante de uma imensa injustiça ainda impune perpetrada pelo genocida Jair Bolsonaro.
Um país com SUS, com tradição vacinal excelente, ter 700.000 óbitos por covid, bem… “este paradoxo só se explica pela atitude criminosa de um governo negacionista, obscurantista e insensível à vida. As responsabilidades por este genocídio hão de ser apuradas e não devem ficar impunes”, acrescentou Lula. Fonte: https://g1.globo.com/politica/noticia/2023/01/01/responsabilidade-por-genocidio-da-populacao-na-pandemia-sera-apurada-e-punida-diz-lula.ghtml
LEIA TB:
Neste raiar do novo governo, Lula 3 (mandato 2023 a 2026), os terroristas que promovem vandalismo em Brasília, insuflados pela ideologia fascista de Jair Genocida Bolsonaro, serão contidos pela Intervenção Federal decretada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que fica vigente até 31 de Janeiro. Em ótima matéria no Opera Mundi, o sagaz Pedro Marin aponta:
Se o primeiro dia de Lula empossado fosse uma indicação do que virá pelos próximos 48 meses, se o passado 1 de janeiro pudesse ser considerado uma pequena célula tronco posta no esgarçado tecido social brasileiro, que crescesse num mesmo sentido ao longo de todo o governo, expulsando o terrível cancro que se apoderou do corpo do País nos últimos anos, poderíamos vaticinar, desde agora, que este será um grande governo.
A previsão não seria justa só pelos simbolismos do dia da posse: do povo passando a faixa a um presidente dele advindo, do presidente derrubando lágrimas pela fome após um que ria sem vergonha da morte, do Brasil bem representado na imensidão vermelha na capital federal – vestida de vermelha e de pele vermelha – numa metáfora cabível à cor do Pau que ao País deu nome e cujos inimigos, de verde e amarelo, buscaram extirpar pela força (os de ontem às machadadas, os de hoje a tiros). Nem seria justo o vaticínio só pelas palavras pronunciadas por Lula, especialmente em seu discurso no Congresso, onde denunciou nos mais duros termos o governo anterior, comprometeu-se a pôr fim à fome, a retomar obras paradas e investimentos em programas como o Minha Casa, Minha Vida e o Bolsa Família, a investir no desenvolvimento industrial, na educação, na saúde, a alcançar o desmatamento zero da Amazônia e a revogar as injustiças do governo anterior contra os povos indígenas, a promover a valorização do salário mínimo, a fortalecer a integração sul-americana e o BRICS e a buscar a revogação da “estupidez” chamada teto de gastos. Não; se fôssemos prever a grandeza do governo com base neste primeiro dia, seria pelas medidas nele assinadas pelo presidente, dentre as quais figuram o reestabelecimento do Fundo Amazônia e a revogação de medidas aprovadas por Bolsonaro que facilitavam o garimpo ilegal; uma medida provisória assegurando aos pobres o auxílio de 600 reais pelo Bolsa Família; a determinação de que a Controladoria Geral da União (CGU) revise os sigilos impostos por Bolsonaro em relação a seu governo; e principalmente a retirada de estatais (Correios, EBC, Petrobras, etc.,) dos programas de privatização.
Mas, apesar de toda emoção que o simbolismo possa trazer, apesar de toda a aprovação que as palavras possam evocar, apesar de toda a bravura que as medidas possam reter, o dia da posse dificilmente poderá representar, quatro anos adiante, um bom retrato do terceiro mandato de Lula, a não ser que seja permitido ao povo, mais do que subir a rampa, barrar os caminhos – antes pela força, para que possa ser consenso – a seus inimigos. A começar por aqueles muitos que já compõem o governo: cada cargo deste significa, nesta nova conjuntura, mil frentes do governo abertas aos golpes mais violentos. E a conjuntura é nova, precisamente, porque há mais de mil dispostos a tais golpes. Demonstra-o claramente o ministro da Defesa, José Múcio, ao declarar que os atos em frente aos quartéis são “democráticos”.
Fonte: https://revistaopera.com.br/2023/01/05/o-homem-da-nova-republica-forca-e-hegemonia-no-governo-lula/
Publicado em: 08/01/23
De autoria: Eduardo Carli de Moraes
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